A história do município de Iraí teve início em meados de 1893, quando um grupo de aproximadamente 200 habitantes, provenientes de Cruz Alta, partidários da Revolução Federalista, ameaçados pela ação governamental, cruzaram terras de Palmeira das Missões rumo às barrancas do rio Uruguai, ao Norte do Estado num percurso de 120 quilômetros. Nos primeiros tempos, estes refugiados enfrentaram dificuldades por estarem isolados de qualquer núcleo populacional. Em uma de suas incursões em busca de alimentos, nesta região, onde a caça e a pesca eram abundantes, encontraram um pântano às margens do rio do Mel com várias fontes de águas quentes e frias que brotavam da terra com grande força e com um cheiro característico, atraindo, devido às suas qualidades, uma grande quantidade de animais de caça. Estavam descobertas as famosas fontes milagrosas de Iraí, que inicialmente foi denominada Fontes de Barreiro do Mel e mais tarde Águas do Mel.
No ano de 1908, o local recebera oficialmente o nome de Colônia Guarita, porém continuava sendo conhecida pelo nome de Águas do Mel. Em 1911, chegaram colonizadores dos municípios de Caxias do Sul e Guaporé. Em 1914, o local onde se tomavam banhos no então 8º Distrito de Palmeira das Missões, não passava de um rancho de palha. Logo a fama das milagrosas águas se espalhou por todos os cantos do Rio Grande do Sul, chamando a atenção dos governantes do Estado. No dia 8 de março de 1916, foi oficialmente fundada a Vila Águas do Mel, então sertão de Palmeira das Missões. No ano de 1917, ocorreu a primeira exploração oficial do Estado, quando foram identificadas cinco fontes de águas sulforosas na região.
No ano de 1918, diversas levas populacionais chegaram para povoar a região que nesta época já havia sido elevada ao posto de 2º Distrito de Palmeira das Missões. Inicialmente denominaram o local das fontes de “Barreiro do Mel”, pois as margens deste arroio eram cercadas de colmeias. Em1920, a localidade hoje “Iraí”, chamava-se Cruzeiro do Sul. Porém, o Governo do Rio Grande do Sul verificou que em Santa Catarina, existia um município cognominado, também, de Cruzeiro do Sul. No dia 11 de novembro de 1920, o “Cruzeiro” rio-grandense, passou a se chamar Irahy, na língua indígena, ira=mel e hy=água, tradução literal Águas do Mel. Termo que mais tarde seria adotado como nome do município.
Através do Decreto Estadual Nº 5.368 de 1 de julho de 1933, do Governador José Antonio Flores da Cunha, “Irahy” foi desmembrado de Palmeiras das Missões, constituindo-se em município. Foi instalada a prefeitura, tomando posse como primeiro prefeito o médico Vicente de Paula Dutra, em 13 de agosto de 1933. Por volta de 1937, seguindo os preceitos da nova ortografia, surgiu à grafia “Iraí”, que permaneceu definitiva. O então governador do estado enviou os engenheiros Tôrres Gonçalves e Saturino de Brito, para dirigirem os trabalhos de planejamento e desenvolvimento da cidade. Hoje, no lugar daquele pântano, surgiu o Balneário Osvaldo Cruz e em seu redor floresceu uma linda e acolhedora cidade, chamada Iraí, uma das maiores atrações turísticas do Rio Grande do Sul.
Iraí é conhecida como “Cidade Saúde”, devido às suas fontes de águas minerais. Essas águas devido à sua composição química são indicadas no tratamento de doenças de pele, fígado, rins, sistema nervoso, reumatismo, entre outros.
Em relação à etnia do município há predominância da origem italiana, mas há presença da origem alemã, polonesa, russa e luso-brasileira.
História em ordem cronológica – Síntese
Em 1893, um grupo de aproximadamente 200 pessoas – homens, mulheres, crianças – provenientes de Cruz Alta, refugiados da Revolução Federalista (1893-1895), estabeleceram-se nestas terras. O sustento diário para tantas pessoas no meio do mato, tinha que ser encontrado na caça e na pesca: é assim que, em suas andanças, caçadores e pescadores se deparam, a poucos metros de um rio afluente do Uruguai, com um banhado borbulhante, cercado de frondosas árvores tomadas de intensos bandos de pássaros esvoaçantes e barulhentos indo a bebericar naquelas águas, enquanto outros animais silvestres cruzam o mesmo rio próximo de águas límpidas, todos instintivamente preferindo beber daquelas de fonte em ebulição. Durante cerca de três anos, muitos dos cruz-altenses consomem daquelas águas termais e nelas se banham, percebendo significativos benefícios sobre a saúde, daí o primeiro nome de Águas Milagrosas do Sertão. Finda a Revolução Federalista em 1895, algumas famílias permanecem na região e a maioria retorna a Cruz Alta, para onde levam e difundem a notícia da existência das águas termais e do seu poder terapêutico (Martin Fischer, em “Iraí Cidade-Saúde”, 1954, e Mozart Pereira Soares, em “Santo Antônio da Palmeira”, 2004).
Em 1912, o governo do Estado se apercebe que a exploração racional das águas termais implica necessariamente na colonização ordenada das fertilíssimas terras da região integrante do município de Palmeira, por isso cria a Comissão de Terras e Colonização da Palmeira, subordinada à Secretaria de Estado dos Negócios de Obras Públicas.
Vinte anos depois da descoberta, em 1914, em meio a picadas abertas na mata, já afluía crescente número de pessoas à “estação de banhos”, estes oferecidos em um rancho coberto de palhas e dentro dele um simples cocho de madeira, o Estado passa a se interessar efetivamente pela exploração racional da única fonte mineral em seu território (Martin Fischer, em “Iraí Cidade-Saúde”, pg. 20). Presidia o governo do Estado Antônio Augusto Borges de Medeiros (Presidente do Estado nos períodos de 1898-1908 e 1913-1928).
No ano de 1916, 32 pessoas, entre elas autoridades municipais e estaduais, do município de Palmeira das Missões, a que pertencia esta região, acampam nos arredores da fonte das águas termais e, simbolicamente, fundam a “Villa das Águas do Mel”. No dia 08/03/1916, é feita uma reunião, são eleitos os administradores, é feita uma ata, assinada por todos e colocada juntamente com um exemplar do jornal “A Palmeira”, em uma garrafa, enterrada debaixo de uma pedra, na área do atual prédio de recepção do Balneário Oswaldo Cruz. Uma via da ata (escrita duas vezes) se acha publicada no jornal palmeirense “A Madrugada”, edição de 09/01/1963.
Também em 1916, Felisbino Israel Antunes, de Ijuí, conhecedor das fontes termais como caçador, estabelece-se nas Águas do Mel com uma pequena bodega, suprida com mercadorias na Boca da Picada (hoje, Seberi) e transportadas em cargueiros até a sua pequena casa comercial.
Em 1917, Antônio Villanova é nomeado pelo Estado o primeiro Administrador da “Comissão da Estancia de Aguas Mineraes de Irahy”, o qual instalou o seu acampamento nas proximidades das fontes de água termal e “mandou desbravar o mato ao redor das fontes termais”. Hoje, o mato ali existente, inclusive aquele à direita e à esquerda da rua principal que leva ao Balneário Oswaldo Cruz, é de segunda geração.
No mesmo ano, análises realizadas pelo Dr. A. Albertini classifica as Águas como sulforosas (Relatório do Saneamento de Estancia de Aguas Mineraes de Irahy, de Antônio de Siqueira, Engenheiro Chefe da Commissão, 1929; e “Iraí e Suas Águas Minerais, publicação do Serviço Médico do Balneário Osvaldo Cruz”, Editora Globo, 1955).
Em 1918, inicia a venda de lotes rurais, através da Comissão Estadual de Divisão de Terras, com sede em Palmeira, cada lote possuía 25,0000ha (vinte e cinco hectares), vendidos pelo Estado a agricultores a preços baratos e em prestações anuais: não poucos agricultores vendem as madeiras nobres exportadas por intermediários à Argentina através do Rio Uruguai, para pagar tais prestações (“Iraí e Suas Águas Minerais, publicação do Serviço Médico do Balneário Osvaldo Cruz”, Editora Globo, 1955).
O primeiro pequeno hotel foi construído no ano de 1919 por Nestor Westphalen, nas proximidades das fontes, onde mais tarde se encontraria a fábrica de garrafas (Martin Fischer, em “Iraí Cidade-Saúde”).
Em 1919, é instalado o Posto Médico Oficial, sendo primeiro médico o doutor Hildebrando Westphalen, que já havia estudado as estações de cura de Poços de Caldas, Caxambu, Lambari, Cambuquira e São Lourenço, todas de Minas Gerais.
Em 1919, ocorreu uma tentativa de dar à Vila Águas do Mel o nome de “Cruzeiro do Sul”, porém a mesma não obteve êxito. Foi então que o Dr. Torres Gonçalves, diretor das Obras Públicas do Estado, sugeriu a denominação Irahy, na língua indígena guarani, “ira”=mel e “hy”=água, tradução literal Águas do Mel. Em 1937, surgiu a grafia “Iraí”, devido às modificações na ortografia e a evolução dos tempos (Martin Fischer, em “Iraí Cidade-Saúde”).
A zona colonial era denominada de Colônia Guarita (Martin Fischer, em “Iraí Cidade-Saúde”, 1954, p.28).
A primeira missa campal foi realizada no dia 23 de dezembro de 1920, pelo padre Manoel Rôda, vigário de Palmeira (Martin Fischer, em “Iraí Cidade-Saúde”, 1954, p.32).
O ano de 1920 também é marcado pela construção, por parte do Estado, de um novo balneário provisório, de madeira, de boas proporções, sob o comando do engenheiro Euclides Couto, tal é a crescente demanda das Águas do Mel (nome popular persistente) em busca de curas.
O engenheiro Carlos Torres Gonçalves, da Secretaria de Estado dos Negócios das Obras Públicas, elabora e entrega ao seu superior, Secretário, os “Estudos e Providências indicadas à organização da primeira estancia minero-medicinaes do Estado”.
Pelo Ofício n° 553, de 31/12, Affonso Emílio Massot, Comandante Geral da Brigada Militar, envia ao Engenheiro-Chefe da “Comissão Organizadora da Estancia de Aguas de Irahy”, um sargento, um cabo e cinco soldados da BM, “para o fim especial de evitar a destruição das matas e aves e o abuso das armas de fogo”. Emílio Massot participou da Revolução Federalista, de 1893, da Revolução Assisista, de 1923, e da Revolução Paulista, de 1932. É o patrono da Brigada Militar.
No dia 21 de julho de 1926, foi assinado o contrato para a exploração de água engarrafada das emergentes termo-alcalinas-radioativas de Irahy, com o Dr. Vicente de Paula Dutra, e o cidadão Valzumiro Pereira Dutra, depois organizados em sociedade sob a firma “Dutra, Westphalen & Cia” (Fiorindo David Grassi, em “Iraí, Ecologia e Índios”, 1992,p.47).
Em 1928, Getúlio Dornelles Vargas, Presidente do Rio Grande do Sul, vem a Iraí, onde passou algumas semanas (Martin Fischer, em “Iraí Cidade–Saúde”, edição da Livraria do Globo, 1950).
Neste mesmo ano, A Comissão de Terras e Colonização de Palmeira, Zona de Irahy, concede à Comunidade Evangélica, representada por Otto Fellenberg, licença para a construção da sua igreja, na Avenida Iracema, atual Flores da Cunha.
Em 1929, fundou-se uma escola primária na Vila, que posteriormente deu origem ao Grupo Escolar Visconde de Taunay.
A conclusão da estrada de rodagem de Palmeira a Iraí, ocorreu em 1929, então tecnicamente a melhor do Estado do Rio Grande do Sul, iniciada no inverno em 1917, sob o comando direto do recém-formado engenheiro porto-alegrense Osvaldo Loureiro da Silva, falecido aos 05 de janeiro de 1918, em Palmeira das Missões.
No dia 24 de abril de 1929, Getúlio Vargas, Presidente do Estado, chega novamente a Iraí, onde reuniu médicos e engenheiros a fim de estudar obras de defesa das fontes das águas minerais contra possíveis contaminações exteriores e para estudar as obras necessárias ao abastecimento de água e à rede de esgoto. Entre outras, foram tomadas as seguintes medidas: suspender a venda de lotes e reflorestar toda a área junto às fontes, na margem esquerda do Rio do Mel, nos dois lados da estrada de acesso às fontes. Junto ao Rio Uruguai, Getúlio Vargas se encontrou com o Presidente do Estado de Santa Catarina, Konder Reis. No ano seguinte, haveria eleições à Presidência dos Estados Unidos do Brasil e Getúlio seria candidato (Antônio de Siqueira, em “Relatório do Saneamento da Estancia de Aguas Minerais de Irahy”, 1929, e Martin Fischer, em “Iraí Cidade-Saúde”,1950).
Em 1931, “começaram os preparativos para as construções do moderno balneário e da hidráulica” (Martin Fischer, em “Iraí Cidade-Saúde”, pg. 35).
No dia 04 de outubro de 1932, foi instalado o Telégrafo Nacional (Martin Fischer, em “Iraí Cidade-Saúde”, pg. 31). No ano de 1933, mais precisamente, no dia 18 de maio, ocorreu a inauguração do Correio Nacional (Martin Fischer, em “Iraí Cidade –Saúde”, pg. 31).
O Decreto Estadual Nº 5.368 de 1º de julho de 1933, do Governador José Antonio Flores da Cunha, desmembrou “Irahy” de Palmeiras das Missões, constituindo-o em município. Foi instalada a prefeitura, tomando posse como primeiro prefeito o médico Vicente de Paula Dutra, em 13 de agosto de 1933.
Em 20 de setembro de 1935, ano em que se comemorava o centenário da Revolução Farroupilha, foi inaugurado o moderno e original Balneário Oswaldo Cruz, único do gênero na América do Sul, assim projetado e executado por inspiração do arquiteto francês Alfred D´Agache (Analyse des Projets Concernant L´Amenagement et L´Extnsion D´ Irahy, Etat de Rio-Grande-do-Sul, Paris, 26/01/1931). O nome Oswaldo Cruz é uma homenagem ao famoso médico sanitarista brasileiro.
O Balneário é um dos pontos turísticos mais importantes do município. A água mineral de Iraí é reconhecida mundialmente, sendo considerada, a segunda melhor do mundo e a melhor do Brasil por suas propriedades terapêuticas medicinais e rejuvenescedoras.
No dia 25 de dezembro de 1935, numa das salas da Prefeitura de Iraí, tomam posse os vereadores da primeira Câmara Municipal de Iraí: Dr. Heitor Silveira, José Beltrame, Firmino Santa Helena, José Santinelli, Otto Felenberg, Tereza Elisa Loock, estando porém, justificadamente ausente, o Sr. Antônio Marino Zanatto.
A designação “Cidade Saúde”, surgiu em 1936, sendo encontrado este termo em propaganda e anúncios. Isto deve-se ao fato da fama das águas termais (Martin Fischer, em “Iraí Cidade-Saúde”, 1954).
“A fonte termal de Iraí é uma dádiva da Divina Providência à humanidade. Como tal que e deve ser considerada, com profundíssima gratidão” (Martin Fischer, em “Iraí Cidade-Saúde”, 1954, p.64).
Em 20 de fevereiro de 1941 foi inaugurado o Cassino Guarani, o proprietário do empreendimento Eurico Nunes da Silva, foi quem projetou o prédio, sendo orientado pelo engenheiro João Prestes de Oliveira.
“Eurico Nunes da Silva chegou ao município de Iraí, objetivando realizar uma hidroterapia. Decorridos quarenta e cinco dias de terapia com as águas termais, sentindo-se completamente restabelecido, houve por bem “retribuir à cidade” a cura auferida. Para tanto, resolveu construir um cassino, denominando-o de Guarani” (Sirlei Rossoni, em O Cassino Guarani, p.21,2001).
“Os turistas que veraneavam pela cidade se impressionaram com que a casa lhes ofereceu no dia da inauguração: restaurante, bar, salões com luzes coloridas, móveis luxuosos, uma orquestra com seis músicos contratada em Santo Ângelo e muito jogo” (Sirlei Rossoni, em O Cassino Guarani, p.26, 2001).
No verão, o número de frequentadores aumentava devido às águas termais. No verão de 1942, companhias aéreas organizaram vôos para Iraí, sendo que os hotéis precisaram acomodar turistas nos corredores (Sirlei Rossoni, em O Cassino Guarani, 2001).
Devido às pressões da Igreja Católica, o presidente da República, marechal Eurico Gaspar Dutra, no dia 30 de abril de 1946, decretou o fechamento dos cassinos no país. Esta decisão afetou drasticamente as finanças de todas as cidades que possuíam cassinos, inclusive Iraí.
Em 1993, o vice-prefeito em exercício autorizou a demolição para a construção de edifício de lojas. O Ministério Público, munido do vasto documentário, inclusive de Parecer Técnico da Secretaria de Estado da Cultura, da qual era Secretária a renomada ecologista Hilda Cauduro, documentário existente nos autos da Ação Civil Pública n° 8062-130/94, fez competente e louvável trabalho pela suspensão da demolição do “Casino Guarani”, mas a juíza de direito não concedeu a liminar e por fim julgou improcedente a ação. Assim, Iraí perdeu valioso monumento histórico.
O Cassino Guarani localizava-se na Rua Antônio de Siqueira esquina com a Rua Pereira Filho.
No ano de 1942, em Porto Alegre é lançado o livro “A 5ª Coluna no Brasil – A Conspiração Nazi no Rio Grande do Sul”, do Tte. Cel Aurélio da Silva Py, Chefe de Polícia do RS”, Edição da Livraria do Globo (3ª edição, em 1942). Nas páginas 284-303: episódio ocorrido em Iraí, narrado no capítulo “Prisão e expulsão de espiões nazistas – Um caso com sabor de aventura”. Contra o alemão Bernardo Maas, proprietário de Hotel Descanso suspeito de ele e outros alemães se reunirem para conspirar contra o Brasil em guerra com a Alemanha, foi instaurado processo policial, de que, por ato assinado pelo presidente Getúlio Vargas, resultou a expulsão de Maas do Brasil: dado o estado de beligerância dos dois países, ficou preso e morreu; já o Hotel Descanso, que era de madeira, foi demolido e com o respectivo material foram construídas duas obras: o Patronato Agrícola Getúlio Vargas, na zona rural, e o Quartel da Brigada Militar, cercado de moradias para Brigadeanos, donde a origem do atual bairro Vila Militar, isto numa época em que o Município de Iraí compreendia os distritos de Águas do Prado (Vicente Dutra), Lagoa da Figueira (Caiçara), São João do Porto, Planalto, Alpestre, Rio dos Índios, São Gabriel (Ametista do Sul) e Saltinho, somando então mais de 40 mil habitantes.
Em 1943, o Ministério da Aeronáutica define a área do futuro aeroporto de Iraí, “num raio de vinte quilômetros, a mais indicada para tal obra” (Revista Brado, Frederico Westphalen, ano 1, n° 4, setembro/outubro de 1992, no artigo intitulado “Histórico Documentado do Aeroporto de Iraí”).
No ano de 1950, foi inaugurado no Parque do Balneário Oswaldo Cruz a escultura Pomona, deusa grega dos bosques e pomares, obra de arte de Vasco Prado (Diário da Manhã, Passo Fundo, 27/08/1950).
Em 1950 Martin Fischer lança o livro “Iraí Cidade-Saúde – Trechos característicos de sua história”. O autor, natural da Alemanha, formado em Direito, foi oficial do exército germânico na primeira guerra mundial, fez parte do governo alemão, mas, com a ascensão de Adolf Hitler, recusou-se a prestar o juramento ao nazismo, despediu-se de sua pátria e veio morar em Iraí como agricultor, plantador de cana e produtor de aguardente de marca registrada Tatu. Acusado falsamente de ser um espião nazista, foi preso, depois solto por ordem de Plínio Brasil Milano, Chefe da Delegacia de Ordem Política e Social do RS. Martin Fischer, que dominava seus idiomas – alemão, espanhol, francês, inglês, latim e grego – morar em Ijuí, onde exerceu múltiplas atividades culturais, colaborou em jornais, idealizou e fundou o Museu Antropológico Diretor Pestana, de renome nacional e internacional.
No dia a 29 de junho de 1951, domingo, antes do meio dia, na margem do Rio Uruguai, em campo de pouso improvisado aterrissa em Iraí o primeiro avião, pequeno monomotor, trazendo Leonel de Moura Brizola, Secretário de Obras do Estado, vindo para assegurar a construção do aeroporto destinado a receber linhas aéreas regulares, em lugar anteriormente escolhido pelo Ministério da Aeronáutica (Fiorindo David Grassi, em “Histórico documentado do aeroporto de Iraí”, revista Brado, Frederico Westphalen, ano 01, n° 4, setembro/outubro de 1992).
No dia 23 de dezembro de 1956, presentes autoridades municipais, estaduais e federais, com a aterrissagem do primeiro avião de passageiros, o PP-VAZ, da Varig, é solenemente inaugurado o aeroporto de Iraí, construído com recursos da União Federal. Seguem-se voos regulares, inclusive de outras empresas aéreas.
Em 1967, sob o Governo do Regime Militar, com amparo no art. 16, § 1º, da Constituição Federal de 1967, e no art. 55, inc. III, da Constituição do Rio Grade do Sul, o governador Walter Peracchi Barcellos sanciona a Lei nº 5529, de 28/11/1967, considerando Iraí estância hidromineral, para o efeito de o Prefeito Municipal ser nomeado pelo próprio Governador, com a prévia aprovação da Assembleia Legislativa. Em reunião com seus companheiros políticos em Iraí, o senador Tarso Dutra, filho do primeiro prefeito e que aqui iniciara a sua carreira política fazendo deste lugar o seu quartel general, revelou que ele mesmo incluiu na Constituição Federal a figura do prefeito nomeado para as estâncias hidrominerais, “para que a oposição não ganhasse a eleição em Iraí”.
Em 1975, foi inaugurada a BR-386/158 e a ponte de 1.003,00 metros de extensão sobre o Rio Uruguai, em Iraí, ligando o RS a outros Estados.
Na demarcação da Área Indígena da Iraí, em 1992, a Funai inclui a área do Aeroporto de Iraí, cerca de 30ha.
Atualmente Iraí é administrada pelo prefeito Antonio Vilson Bernardi e pelo vice Esequiel Tonial.
Dados do IBGE, apontam que a população estimada, em 2017, era de 7.921 habitantes.
——————————————————————
Agradecemos a valiosa colaboração do advogado Dorvalino João Uez, que ajudou de forma primordial neste resgate histórico.
Fonte: Prefeitura Municipal de Iraí/RS